quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Dona Das Dores


Fica mais fácil
Quando pinto de horrores as cores,
Quando borro lembranças
Para não saber os cheiros, sabores, humores.

Fica mais fácil
Quando rasgo o papel,
Quando desvanecem as datas,
E perdem sentido tolos momentos.

Fica mais fácil
Quando as palavras são ocas
E os comportamentos exprimem verdades
Quando me dou conta da minha própria insanidade

Fica mais fácil
Apagar qualquer existência
Qualquer sentimento
Sempre que o o silêncio se impõe

Perdem sentido as horas,
Os dias,  meses, anos.
O tempo simplesmente
Deixa de existir.

E se antes havia um pequeno baú
Das dores,
Ao abri-lo tudo puiu
Foram-se todos os pequenos troços de amores

Tudo virou pó
Mesmo resquícios que teimavam surgir
Perderam sentido
Na imensidão da consciência.

Já não doem
Não remoem
Não existem
Tudo virou pó.

O que fica é uma enorme pena
Comiseração
Pelo tempo perdido
Mal investido.

Então anuncio:
Troco pequeno baú das dores,
Velho, roto, desmazelado,
Por máquina de moer,
De preferência uma multiprocessadora.


Karine Freitas

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